Entrevista a Tatiana Cobbett (en portugués)
Tatiana
Cobbett
Por
Antonio Carlos da Fonseca Barbosa
![]() |
Tatiana Cobbett |
A bailarina, cantor e compositora
carioca Tatiana Cobbett. Formada pela Escola de Danças Clássicas do
Teatro Municipal do RJ. Trabalhou 12 anos no Balé Stagium e Cia
Paulista percorrendo o Brasil, América Central, América Latina e
alguns países da Europa.
Autora/Intérprete do Musical
"Mulheres de Hollanda" com direção de Naum Alves de Sousa. Direção e
Concepção dos Espetáculos: Alma Flamenca, Grito das Flores, Esta Terra
Portugal, Festival Três Bandeiras, Partituras da Itália nas Vozes do Rio e
dos shows de Badi Assad, Carlinhos Antunes, Tutti Baê, Janet Machnaz e Joel
Brito entre outros. Intérprete/protagonista do curta metragem - Um Deus
Dança em Mim - direção Adelia Sampaio. Programou e dirigiu o
Teatro Pirandelo – SP. Programação Cultural da casa de
espetáculos Avenida Clube – SP. Coreografia para teatro infantil, com
destaque para O Menino Maluquinho/Ziraldo - indicada ao prêmio APCA -
direção Marco Antônio. Coreografia e direção para o Evento de lançamento
do Jornal do Norte – Manaus – AM. Concepção e roteiro dos espetáculos:
Charles Anjo 45 e Boneco Brasil (ambos abortados pelo Plano
Collor).
Desde 2000, desenvolve em parceria
com o músico/cantor/compositor gaúcho Marcoliva. Um trabalho de
composições próprias registradas no CD - Parceiros, com produção musical
de Luiz Meira e participação de músicos como: Sizão Machado, Jessé
Sadoc, Edu Ribeiro, Beto Angerosa, Marcos Brito, Sidinho Moreira, Marcelo
Martins e Badi Assad entre outros. Com direção musical de Guinha
Ramires e produção de Eliana Cobbett, monta e atua no Show
Parceiros, cumprindo agendamento por várias cidades e o circuito SESC –
SP. Com Marcoliva e Caio Muniz, cria e produz a trilha do
documentário - Joá - com direção de Paulo Markun. Participou no
CD - II Festival de Música do SESC/SC e Participação no CD - I Femic
(Festival da Música e Integração Catarinense).
Publicou o livro de poemas e
letras, intitulado - Básica Composições. E monta o show Mosqueteiros
e Dartagnans no formato quarteto, viajando pelo Brasil. Ministra em
diversas cidades e espaços a oficina - Corpo Lúdico - dividindo com os
músicos - Rafael Calegari (baixo), Marcoliva (violão) e
Ubrother (percussão), construindo exercícios de composição e improvisação
nas duas linguagens. Dirige e atua no espetáculo múltimida - "Música Repente
e Lumier " com participação dos poetas repentistas - Paulo Varela, Antônio
Francisco e Crispiniano Neto, além dos músicos Zelito Coringa, Zé Fontes,
Genildo Costa , Grupo Café do Vento e Fulô de Macambira. Participou do
evento Psiu Poético - 2008 - lançando o livro - Básica Composições
e com Marcoliva e Jober Narciso faz o show de encerramento do
evento. Participa do curta-metragem - Desaprumo, dirigido por Marcos
Vinicius. Estão no elenco Alisson Mota, , Sansara Buriti e Valdir
Grillo.
O filme foi o único trabalho do
Sul do Brasil premiado pelo Ministério da Cultura/Forcine, no Programa de
Apoio à Formação da Área Audiovisual em 2007.
Assina à direção do Show de
lançamento do CD - Dois Mundos (instrumental) do Quarteto Rio
Vermelho - composto por Rafael Calegari, Lendro Fortes, Cristian Faig e
Mauro Borghezan.
Junto com o músico Marcoliva gravou o CD intitulado -
Bendita Companhia - produzido pelo músico catarinense - Rafael
Calegari. Reunindo diversas parcerias como: Alessandro Kramer, Mauro
Albert, José Fontes e grupo Mandumblá, Caio Muniz, Nei Platt, Joubert Moraes,
Jobert Narciso, Zelito Coringa, Rafael Calegari, Rosa de Pedra. Retomou o
formato Voz e Violão com Show - Meios e Inteiros - viajando com o
parceiro Marcoliva. Confira a abaixo a entrevista exclusiva de Tatiana
Cobbett para a www.ritmomelodia.mus.br em 01/12/2010:
1-) Ritmo Melodia – Qual sua data
de nascimento e sua cidade natal?
Tatiana Cobbett - 13 de outubro de 1960 no Rio
de Janeiro. Passei minha infância na Urca.
2-) RM – Fale do seu primeiro
contato com a música?
TC - A música está presente na minha
vida há muito tempo. Seja pela dança, ou nas aulas de piano e flauta doce. Ou
nas cantorias de fim de semana, quando meu tio Branco (Wivelli
Cobbett) reunia a turma pro feijão no quintal. Ou nas rodas de samba da casa
do Candeias que era meu vizinho na minha adolescência.
3-) RM – Qual sua formação musical
e acadêmica fora música?
TC – Eu não tenho formação acadêmica
musical. Minha formação é em dança, pela Escola de Danças Clássicas do Teatro
Municipal do – RJ.
4-) RM – Quais suas influencias
musicais no passado e no presente? Quais deixaram de ter
importância?
TC - As influências não perdem a
importância. Nasci no Rio de Janeiro, então a Bossa Nova, o
Samba, o Choro fazem parte. Por estudar dança a convivência com a
música erudita era diária. Adoro Bach e Vivaldi, por exemplo. Sou
filha de cineasta (Wilham Cobbett - nordestino) e produtora de cinema
(Eliana Cobbett - mineira). As trilhas dos musicais da Atlântida e
o cancioneiro regional mineiro e nordestino são marcantes para mim. E os
principais movimentos como: a Jovem Guarda, Clube da Esquina,
Tropicália, Mangue Beat, me contornavam. Enfim um leque variado.
5-) RM – Quando, como e onde você
começou sua carreira profissional?
TC - Enquanto bailarina. Eu
considero o Balé Stagium o marco na minha atuação. Como compositora foi
ao conhecer o Marco Liva, músico e meu parceiro de arte, que
definitivamente foi o responsável. Isso já faz 10 anos e foi em Florianópolis
- SC onde o conheci.
6-) RM – Quantos CDs lançados
(quais os músicos que participaram nas gravações)? Qual o perfil musical de cada
CD? E quais as músicas que se destacaram em cada CD?
TC - Em parceria com
MarcoLiva temos 2 CDs lançados. O primeiro CD - Parceiros em 2001
e o CD - Bendita Companhia em 2009. Nossa família musical é enorme. No
primeiro contamos com Luiz Meira (produtor), Badi Assad, Sizão
Machado, Edu Ribeiro, Jessé Sadoc, Beto Angerosa,
Sidinho Moreira, Marcos Brito e Marcelo Martins. Já no
CD - Bendita Companhia a turma cresceu: Rafael Calegari
(produtor), Jobert Narciso, Caio Muniz, Mauro Albert,
Guinha Ramires, Alessandro Kramer, Endrigo Bettega, Léo
Garcia, Luis Gama, Zé Fontes, Sami Tarik, Kleber
Moreira, Ubrother, Ricardo Baia, Nei Plat, Marco
Aurélio, L. Zago, A. DaMaria e Geraldo Vargas. Por
serem autorais os dois CDs reflete aquele nosso momento. No Bendita
Companhia tivemos a oportunidade de registrar as músicas exatamente como
foram concebidas. Cada músico participante é autor e influência. É duro
selecionar os filhotes (risos), mas penso que as músicas: Básica,
Soletra e Quintal são as minhas preferidas do primeiro disco. Já
no segundo: Aspirina, Cor Nua de Joubert Moraes, Xote
Lindo, Dois em Um, Pé de Serra e Teu Samba.
7-) RM – Como você define seu
estilo musical?
TC - Penso que fazemos música
brasileira. Aproveitamos tudo que está ao nosso alcance sem pensar em credos ou
formas.
8-) RM – Como você se define como
cantora/interprete?
TC - Tenho imenso prazer em cantar.
A dança me propicia uma performance diferenciada. E neste sentido me sinto bem
mais uma bailarina/cantora do que uma cantora/interprete.
9-) RM – Você estudou técnica
vocal?
TC - Quando em 1990 montamos
Mulheres de Hollanda, com idéia original minha e direção do Naum Alves
de Souza. Estudei algum tempo com Nanci Miranda e Samuel
Kerr.
10 -) RM – Quais as cantoras que
você admira?
TC - Poxa. São muitas. Elizete
Cardoso, Neide Maria Rosa (SC), Elis Regina,
Maria Bethania, Jovelina Pérola Negra, Billie Holiday,
Sara Vogel, Fabiana Cozza, Céu, Lura (cantora de
Cabo Verde), Concha Buika (cantora da Espanha). E por aí vai.
11-) RM – Você compõem? Quem são
seus parceiros musicais?
TC - sim. Compor e fazer parcerias
são meus grandes baratos. Além do Marco Liva. Tenho músicas com Rafael
Calegari, Alessandro Kramer, Mauro Albert, Zé Fontes, Guinha Ramires, Krystal,
Jean Garfunel e Luiz Meira, Leandro Fortes, Zelito Coringa, Caio Muniz, Lio de
Souza. Passou por mim já leva uma marquinha (risos).
12-) RM – Quais os prós e contras
de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
TC - Só vejo prós. É uma escolha que
permite partilhar mais o seu fazer. A questão não é depender ou contar com uma
gravadora ou sei lá. O duro é ter fôlego e grana para competir de igual para
igual com o chamado nicho de mercado. No entanto está tudo mudando rápido. E
estar independente ajuda na adaptação além do sabor de fazer o que realmente se
quer.
13-) RM – Como você analisa o
cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas
duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem
regrediu?
TC - Cenário musical brasileiro? Uma
riqueza! Pra todo lado e de todo lado vêm um produção de qualidade. A circulação
é que está dureza. É bem difícil dar nomes aos bois de excelência. No
instrumental têm aparecido trabalhos que tira o ar da gente. Posso pensar no
grupo Dr. Cipó e Banda Mantiqueira. Só pra citar alguns. Gosto
imensamente do trabalho da Badi Assad, a Ana Paula (Joinville) tem
muita consistência, a Aline Muniz tem um repertório fora do tradicional,
muito legal. Em Sergipe o Edelson Pantera é de um nível altíssimo.
Miltinho Edilberto e Carlinhos Antunes são bravos e especiais. As
meninas Vanessa da Mata e Ceumar são compositoras de mão cheia. O
Celso Viáfora e Guilherme Rondon são da fina flor. Enfim é abrir
os ouvidos e lançar mão. Regressão? Ah não percamos tempo com isso, né?
14-) RM – Qual ou quais os músicos
já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e
qualidade artística?
TC – O Wagner Tiso e
Egberto Gismonti são uns monstros. Maria Bethania e Mariza
Montes dão um banho. O Ney Matogrosso tem uma capacidade
extraordinária de se superar. Todos coerentes com a própria estrada. Um exemplo
á ser seguido.
15-) RM – Quais as situações mais
inusitadas aconteceram na sua carreira musical?
TC - Olha que neste dia á dia
acontece de tudo (risos). Um dia, chegamos para nos apresentar numa casa aqui em
Florianópolis – SC e o espaço do palco (que era rebaixado) estava
totalmente alagado. Literalmente virou um lago. Tivemos a idéia de passar para a
parte de cima do lugar. E para convencer ao público que chegava á ficar no
local. Fomos nas mesas confeccionando barquinhos com os guardanapos e
delicadamente soltávamos no LAGO. E fomos encaminhando os clientes pro andar de
cima. Um palco improvisado. A turma curtiu a saída inusitada e a noite terminou
sendo um sucesso. Com o LAGO cheio de barquinhos de papel. Em outra ocasião, no
interior do Rio Grande do Sul um sujeito todo pilchado (pilcha é a
indumentária do gaúcho) se entusiasmou tanto com nossa apresentação que se
levantou no meio da música e parou o show. Porque ele queria dar um baita aperto
de mão no violeiro e lascar um beijo na cantora (risos).
16-) RM – O que lhe deixa mais
feliz e mais triste na carreira musical?
TC - Como nosso trabalho é
eminentemente autoral. Ter a chance de apresentá-lo é sempre uma alegria. Triste
é o efeito Tostine: se você não é conhecido tem poucas chances de se fazer
conhecer. E assim, desconhecido menos chances de se apresentar.
17-) RM – Nos apresente a cena
musical na cidade que você mora?
TC – Florianópolis - SC é um
celeiro de grandes músicos e compositores. Mas a cidade deixa muito a desejar
com poucos espaços adequados e poucos projetos na nossa área. A distância dos
chamados grandes centros, também nos deixa muito isolados. Contudo aos poucos
estamos nos articulando e é assim que a roda gira.
18-) RM – Quais os músicos ou/e
bandas que você recomenda ouvir?
Só pra começar. E claro que nos
escutar também é uma boa (risos).
19-) RM – Você acredita que sua
música vai tocar nas rádios sem o jabá?
TC - Até que estamos tocando
bastante. Ao menos em rádios comunitárias como a Rádio Campeche ou
universitárias como a Rádio UDESC. A Badi Assad e Aline
Muniz gravaram Básica, uma música nossa do primeiro CD - isso nos
colocou em algumas paradas.
20-) RM – O que você diz para
alguém que quer trilhar uma carreira musical?
TC - Que trilhe. Busque conceituar o
seu fazer. Hoje não é só ter uma bela voz. É preciso saber bem ou pelo menos
buscar saber bem o que se quer. Ouvir muito, se concentrar, estar atento e
aberto.
21-) RM – Quais os seus projetos
futuros?
TC - Estamos partindo pro terceiro
CD - o nome será Corte e Costura. Nome de uma das composições,
parceria minha e do Leandro Fortes. Entramos em estúdio agora no fim de
setembro de 2010. Se não houver atrasos em 2011 já estaremos lançando. Estamos
batalhando para levar nossos cantares para Portugal e Espanha, já
estamos estudando algumas propostas e tudo está se encaminhando bem.
Oxalá!
Fuente: www.ritmomelodia.com.br